Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem.
Essa frase do nosso dia a dia, que me habituei a ouvir. Qualquer pessoa é admirável quando não conhecemos bem, até conhece-la, acho que não é bem assim. Durante o tempo de escola, conheci um professor, que me habituou, com a imagem de alguém fechado, num mundo que parecia ser só e exclusivo dele, por direito próprio. Homem curioso, transportava no seu dia-a-dia, um mistério numa mala valiosa, (com alça à tira-colo em pele), presumo, cheia de ricos pensamentos, gasta pelo silêncio dos tempos, nunca consegui saber quem era.
Os defeitos que vemos em quem idealizamos por desconfianca, ou ignorância, não, são nada, quando percebemos que, nunca conseguimos conviver com eles, pelas circunstâncias dos tempos, a vontade e tudo aquilo que o tempo já levou. Culpa minha, culpa não se sabe muito bem de quem. Voltei a encontrá-lo por aí, na diva dos sonhos, na net! em lugares onde a poesia encanta, e os males espanta. Me fez pensar e procurar o valor daquilo, ou daqueles que um dia, estando perto, sempre parecerem estar tão longe.
Hoje a aproximação está ao nosso alcance, mesmo que distante, tudo que erradamente tinha idealizado se desfaz, justiça é feita na valorização de alguém, não só pelo que faz, mas por tudo aquilo que fez, e eu não sabia.
Hoje eu sei, anos passaram, revela-se a pessoa, que eu posso dizer:
Eu te conheço! Não, não te conheço! Ninguém te conheçe, não conhecemos ninguém, eu mesmo às vezes não me conheço, mas hoje, sei quem tu és.
José Vieira Calado, nasceu em Lagos, em 1938, mais de quarenta anos de vida dedicados à

literatura, Vieira Calado é um dos melhores poetas do modernismo algarvio.
“Os Sinais da Terra”, o livro que viria a ser proibido pela censura, e que mudou a vida deste lacobrigense, e que me fez escrever este post.
” Estudou em Lagos, Portimão, Faro e Lisboa. Em 1961 Iniciou-se na Poesia, e publicou o seus primeiros poemas, com o livro “37 Poemas” e, no ano seguinte, “Os Sinais da Terra”, que viria a ser proibido pela censura. Esse episódio esteve na origem da sua partida primeiro para Londres e depois para Paris, onde frequentou a Universidade de Vincennes, onde obteve uma "Maîtrise" em Estudos Anglo-Portugueses. A seguir ao 25 de Abril, tendo completado o curso, voltou a Portugal, para o ensino oficial, exerceu a profissão de Professor de Inglês e Português e publicou o livro “Poema para Hoje”, encetando uma vasta colaboração em jornais, revistas, programas radiofónicos e palestras em Centros Culturais e Escolas, nos domínios da Poesia e da Astronomia.
Até hoje publicou catorze livros de poesia e um em prosa, Merdock, já em segunda edição. Em Faro ficou especialmente conhecido pelo seu livro sobre os episódios ocorridos nos anos 50, envolvendo o cão Merdock. Nas palavras do autor:
“Merdock era um cão singular e deu origem, em Faro, a uma extraordinária manifestação de solidariedade que culminou na sua libertação.”
Aqui encontra, José Vieira Calado:
http://www.vieiracalado-poesia.blogspot.com/ PS: Isto é apenas uma abordagem difícil, a alguém, que se conhece ao longe na rua, talvez, não seja a pessoa certa para falar do Calado, afinal, eu sou um estranho um canalha, que não dá a cara, mas isso não impede, de deixar aqui meu ponto de vista. Mas atenção, nada disto tem a ver com públicidade ou poesia, mas sim com a pessoa, como muitas outras que são recordadas, apenas, pela força da tristeza da partida.