domingo, 27 de dezembro de 2009

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O "PPI" da Costa D’Oiro

Lagos apresentou a sua candidatura às “7 Maravilhas Naturais de Portugal”, a Câmara Municipal de Lagos apresentou a sua candidatura apostando na beleza natural da Ponta da Piedade com sua Baía em pano de fundo, inserida na magia da Costa D’Oiro. Este evento destina-se a sensibilizar os portugueses para a necessidade de preservar o património natural do país. Este ano, foram eleitas as “7 Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo”, uma iniciativa que demonstrou o orgulho dos portugueses na sua história e no seu património além-fronteiras. Assim, em 2010 serão eleitas as “7 Maravilhas Naturais de Portugal”. Para informações mais detalhadas, os interessados poderão consultar o site http://www.7maravilhas.pt/.
Para sustentar esta iniciativa a Câmara Municipal de Lagos tem reservada uma pequena fatia do seu orçamento que aprovou, na sua última reunião de câmara de 2009, o orçamento e as grandes opções do plano para 2010, no valor global de 79,9 milhões de euros. Deste valor, 31 milhões de euros correspondem a despesas de capital, valor de investimento da autarquia para o próximo ano.
O Orçamento e as Grandes Opções do Plano para 2010 terão agora de ser aprovados na próxima reunião da Assembleia Municipal, em sessão ordinária, a decorrer dia 28 de Dezembro.

Nas Grandes Opções do Plano/Plano Plurianual de Investimentos (PPI), o maior montante destina-se à área da educação, com 10,7 milhões de euros. Seguem-se administração geral (2,8 milhões de euros, com destaque para a construção da nova esquadra da PSP de Lagos), diz-se por aí, que a nova esquadra da PSP será paga com dinheiros da 'Derrama máxima' imposto que Júlio Barroso criou com a ajuda das pequenas empresas registadas em Lagos, mas essas serão contas de outro rosário, disse há algum tempo o presidente do PSD Lagos, Nuno Marques.
E por fim resta o mais importante, e a necessitar de grandes investimentos o ordenamento do território (2,7 milhões) e a habitação (2,7 milhões), bastante pouco, dirão alguns, tendo em conta o montante destinado à esquadra da PSP de Lagos.

Nao faltem á próxima reunião da Assembleia Municipal, a decorrer dia 28 de Dezembro.
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sábado, 12 de dezembro de 2009

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Curiua-Catu - Pedro Teixeira



Curiua-Catu - Pedro Teixeira, a nossa homenagem a esse grande homem, a esse pequeno grande país que era Portugal durante a ocupação espanhola. A grande expedição de Pedro Teixeira me fez pensar, a respeito daquilo de que nunca ouvimos falar e desconhecemos completamente, a curiosidade que este homem me despertou, me fez ganhar novos conhecimentos ...


Saiba mais, leia o texto no Jornal Público, com o entendimento de alguns historiadores:


http://jornal.publico.clix.pt/noticia/10-12-2009/os-indios-chamavamlhe-o-homem-branco-bom-18383663.htm

sábado, 28 de novembro de 2009

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A caminho da Ponta da Piedade



A riqueza da paisagem impar da Ponta da Piedade será destruída, para sempre. A destruição paisagística, ecológica e patrimonial estende-se como uma nuvem negra ao longo da nossa zona costeira, para lá caminhamos, perante a impotência e a auto-estima vaidosa dos autarcas locais a favor da prepotência do poder político de Lisboa e os seus parceiros económicos.
Continuaremos submersos no nevoeiro da lamentação, enquanto a ganância imobiliária aliada aos órgãos municipais, continuar na ignorância presunçosa a decidir sem alguma visão futurista a construção do nosso espaço urbano, sem ter que dar explicação nem justificação ninguém.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

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terça-feira, 8 de setembro de 2009

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Belmiro de Azevedo

Com a crise financeira sem dar tréguas as injustiças e desigualdades, tomando conta do planeta, acredito que o melhor negócio hoje é fazer igual ao do russo Romam Abramovich, dono do Chelsea, ou comprar um pedaço da Lua antes que acabe. De acordo com o Space Settlement Institute, órgão responsável pela regulamentação de atividades na Lua, qualquer pessoa pode adquirir propriedades ou em outros planetas ou satélites, as vantagem, só o futuro dirá.
O que fazer quando se tem muito dinheiro? Bom nós portugueses não precisamos da Lua para nada, com o Sol aqui tão perto, assim pensou, e bem , um dos homens mais ricos de Portugal, senão o mais poderoso.
Algumas pessoas gostam de "esbanjar" suas posses, que tal comprar um ou dois hotéis, bom este senhor comprou alguns quatro numa só vez, estou a falar dum engenheiro químico, presidente dos conselhos de administração de várias empresas e associações Portuguesas, este senhor chama-se Belmiro de Azevedo. Este senhor investio em Lagos, cidade que adora e passa férias há já muitos anos. Comprou: as torres da Torralta na fotografia; o Hotel Golfinho na Praia D. Ana, o Hotel São Cristóvão à entrada de Lagos, o Hotel da Meia Praia e a Aqualuz, (antiga Aguazul). Depois destes anos todos de espectativas dos Lacobrigenses, o resultado deste investimento está à vista de todos, LIXO, o São Cristóvão, encerrou, o Golfinho, há vários anos que também está fechado, o Meia Praia, continua a procura de melhores dias, as Torres da Torralta, essas, um despropositado atentado ubanistico e ambiental, ao fim destes anos todos sem nada mudar, única solução demolição / Implosão e limpeza dos terrenos.
O Governo e as autoridades locais, não estão a respeitar o ambiente e a cumprir todas as regras comunitárias, uma liberdade sem regras e limites. Esta situação de abandono que estão votados alguns prédios, por proprietários identificados, não é saudável numa cidade onde a principal fonte de riqueza é o turismo.

domingo, 6 de setembro de 2009

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A erosão do Camilo

Para quando, a reconstrução ambiental junto à Praia do Camilo, para frear a erosão? Tantas casas de luxo em cima das falésias, frente para o mar com jardins lindíssimos, onde a erosão não chega, porque será?
Não podemos nem queremos ficar indiferentes, vivemos na era do domínio humano, a Terra já não é natural mas um fenómeno totalmente subjugado e alterado, a Natureza em parte, está nas nossas mãos, por isso temos que fazer algo.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

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Arame farpado



A vergonha de tudo isto desafia as palavras...
Atrás de uma cerca de arame farpado, perde-se na noite dos tempos um monumento, que iluminou nossa história. Farol este que continua, a merecer uma fotografia para marcar a história de todos aqueles milhares de turistas, que diariamente visitam este lugar, de beleza exótica.

sábado, 29 de agosto de 2009

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A chaminé da Cafi, a caminho do espaço, a cegonha que se cuide (mude)!!!!!

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Quando um País abdica assim nas mãos dum Governo toda a sua iniciativa, e cruza os braços, esperando que a civilização lhe caia feita das secretarias, como a luz lhe vem do Sol, esse País está mal: as almas perdem o vigor, os braços perdem o hábito do trabalho, a consciência perde a regra, o cérebro perde a acção. E como o Governo lá está para fazer tudo – o País estira-se ao sol e acomoda-se para dormir. Mas, quando acorda – é como nós acordámos – com uma sentinela estrangeira à porta do Arsenal!

(Eça de Queiroz, A catástrofe)

FANTASMAS : Gênios que morrem antes do tempo, e ficam perturbando mentes e corações.

CANALHAS : Nós outros, gênios ou imbecis, que permanecemos vivos.


sábado, 22 de agosto de 2009

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Antes e Depois!

Carregue na imagem para ampliar, e ver a máquina a trabalhar em cima da falésia
A partir de Lagos, fui descobrindo todo o barlavento algarvio, cuja luz é tão suave que parece suspensa, como se não fizesse parte do próprio ar. Descobri a solidão agreste de Sagres, onde se ia aos percebes ou apenas olhar o mar do Cabo de S. Vicente, na fortaleza, que era rude como o vento e o mar de Sagres, e hoje é uma casamata de betão que, ao que parece, se destina a homenagear a moderna arquitectura portuguesa. Descobri o charme antiquado da Praia da Rocha, onde se ia à noite ver as meninas de Portimão, ou o "souk" em cascata de Albufeira, onde se ia ver as inglesas e dançar no Sete e Meio. E descobri outras terras de pescadores e veraneantes, como Armação de Pêra ou Carvoeiro, praias de areia grossa e mar transparente como eu gosto, cigarras gritando de calor nas arribas, polvos tentando amedrontar-me quando os olhava debaixo de água.

Não vale a pena contar. Quem teve a sorte de viver, sabe do que falo; quem não viveu, não consegue sequer imaginar. Porque esse Sul que chegava a parecer irreal de tão belo, esse litoral alentejano e algarvio, não é hoje mais do que uma paisagem vergonhosamente prostituída. Sim, sim, eu sei: o desenvolvimento, o turismo, a balança comercial, os legítimos anseios das populações locais, essa extraordinária conquista de Abril que é o poder local. Eu sei, escusam de me dizer outra vez, porque eu já conheço de cor todas as razões e justificações. Não impede: prostituíram tudo, sacrificaram tudo ao dinheiro, à ganância e à construção civil. E não era preciso tanto nem tão horrível.


Miguel Sousa Tavares (Paraísos prostituídos)
Vale a pena pensar... "a tendência do pensamento dos politicos locais...".
Já devem conhecer a opinião do Miguel, mas, é sempre bom reler.
O resto pode ler aqui no EXPRESSO

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

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A diferença da realidade...

FANTASMAS : Gênios que morrem antes do tempo, e ficam perturbando mentes e corações.
CANALHAS : Nós outros, gênios ou imbecis, que permanecemos vivos.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

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Fernão de Magalhães


Chega a espantar que o primeiro passo na direção do comércio em escala mundial - um dos aspectos da globalização atual - tenha sido dado há mais de 600 anos.



Os autores dessa proeza foram principalmente os portugueses e, entre seus maiores exploradores, está Fernão de Magalhães.




Nascido em família nobre, Magalhães era inquieto por natureza: queria ver o mundo e explorá-lo. Em 1506 ele viajou para as Índias Ocidentais.



Ele circunavegou o planeta, isto é, deu a volta completa e cruzou o Oceano Pacífico, em sua busca por uma rota para o Oriente.


Ele circunavegou o planeta, isto é, deu a volta completa e cruzou o Oceano Pacífico, em sua busca por uma rota para o Oriente.

Segundo os cálculos de Magalhães e dos irmãos Faleiro, cartógrafos portugueses, as Molucas encontravam-se na metade do mundo que, pelo Tratado de Tordesilhas



Fernão Magalhães começou a insistir para o rei Manuel lhe dar tarefas mais emocionantes e bem pagas, como encontrar o caminho para as Molucas indo pelo Oeste, em vez de fazer o trajeto tradicional, na direção Leste: era mais rápido, dizia. O monarca não comprou essa idéia. Isso fez Magalhães renunciar à nacionalidade portuguesa e oferecer seus serviços a Carlos, rei da Espanha.

Esse soberano, depois conhecido como imperador Carlos V, tinha sonhos de grandeza e decidiu patrocinar a viagem de Magalhães. Encontrar um caminho mais rápido para as Índias faria a Espanha passar à frente de Portugal e de todos os outros países na corrida das navegações.

domingo, 19 de julho de 2009

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Carta do Jorge Ferreira


Meu caro amigo,

Não mereço o destaque que me deu no seu Post. A minha relação com Lagos começou com a arrebatada paixão pela mulher que, passados mais de 20 anos, ainda me tem, e agora, também aos meus filhos. O que me dá o grande acréscimo de responsabilidade pela mulher que amo, pelos filhos que vou criando e pela cidade que escolhi. No mais, não passo do mais simples dos simples cidadãos. A minha afeição por Lagos não foi uma inevitabilidade de nascimento, iniciou-se como quimera no deslumbramento da paixão, para se transformar numa opção de amor parcimoniosamente construído. Relação, às vezes, ainda assim, como em todos os amores, inexplicável; às vezes, ainda assim, como em todos os amores, dolorosa; às vezes, ainda assim, como em todos os amores, uma relação de esperança e de triste melancolia, como a que Jacques Brel tão bem retrata em “Le plat pays qui est le mien”, a propósito de um pais de névoa e de planura, como é a Bélgica.

Depois, estar fora no estrangeiro, como sucede com o meu amigo, é como nas nossas paixões. Com a distância, o que se perde dos prazeres e devaneios de não se poder ver, cheirar, ouvir e tocar no “corpo” desta cidade branca e “Solar”, ganha-se em racionalidade e conhecimento de outras realidades do mundo.
“(…)
E tenho de partir para saber
Quem sou, para saber qual é o nome
Do profundo existir que me consome
Neste país de névoa e de não-ser
(…)” (1)

Porém, há sempre um tempo para o pranto e há sempre um tempo para o riso. As cidades e as pátrias mudam e perecem, mas, enquanto houver memória e poetas, como os do “Crescente” entre o Tigre e o Eufrates, cujas lamas seminais tudo fertilizaram, incluindo os Homens que construíram os Jardins e os Leões da Babilónia, onde Hamurabi fez a Lei, onde Gilgamesh partiu com toda as palavras iniciais, iniciando a viagem épica de toda a humanidade, que nunca mais terminou.

“... põe abaixo tua casa e constrói um barco. Abandona tuas posses e busca tua vida preservar; despreza os bens materiais e busca tua alma salvar. Põe abaixo tua casa, eu te digo, e constrói um barco. Eis as medidas da embarcação que deverás construir: que a boca extrema da nave tenha o mesmo tamanho que seu comprimento, que seu convés seja coberto, tal como a abóbada celeste cobre o abismo; leva então para o barco a semente de todas as criaturas vivas. (...) Eu carreguei o interior da nave com tudo o que eu tinha de ouro e de coisas vivas: minha família, meus parentes, os animais do campo – os domesticados e os selvagens – e todos os artesãos. (…)” (2)

Os Fenícios a continuaram, aqui trazendo barcos cheirando a Cedro, a Byblos e a Sidon (3)

Os Gregos, mesmo inimigos, os imitaram. Nem as lágrimas de Laertes (4) e de Penélope impediram Ulisses de sair dos cais de Ítaca, porque, mais do que a honra da palavra dada, a beleza Helena (5) o continuava a acicatar. Demonstrando, que também os heróis perdem o senso de humanidade e, nem sempre alcançam, que a grandeza do amor, pois não compreendeu que o amor de Helena pelo jovem Paris, era bem mais valioso do que um Reino (6) de guerra e um velho Rei (7). Não entendeu que as vitórias, são passageiras, enquanto o amor, perdura e segue sempre o seu destino (8) Mostrando, também, que desde sempre, houve mulheres e filhos de marinheiros em todos os cais de viagem e de saudade, como o fizeram Penélope e Laertes no cais de Ítaca, esperando pelo júbilo do regresso.

http://www.youtube.com/watch?v=riGnAOUINao

ÍTACA (9)

Quando partires de regresso a Ítaca,
deves orar por uma viagem longa,
plena de aventuras e de experiências.
Ciclopes, Lestrogónios, e mais monstros,
um Poseidon irado - não os temas,
jamais encontrarás tais coisas no caminho,
se o teu pensar for puro, e se um sentir sublime
teu corpo toca e o espírito te habita.
Ciclopes, Lestrogónios, e outros monstros,
Poseidon em fúria- nunca encontrarás,
se não é na tua alma que os transportes,
ou ela os não erguer perante ti.

Deves orar por uma viagem longa.
Que sejam muitas as manhãs de Verão,
quando, com que prazer, com que deleite,
entrares em portos jamais antes vistos!

Em colónias fenícias deverás deter-te
para comprar mercadorias raras:coral e madrepérola,
âmbar e marfim,e perfumes subtis de toda a espécie:
compra desses perfumes o quanto possas.
E vai ver as cidades do Egipto, para aprenderes com os que sabem muito.
Terás sempre Ítaca no teu espírito, que lá chegar é o teu destino último.
Mas não te apresses nunca na viagem.
É melhor que ela dure muitos anos,
que sejas velho já ao ancorar na ilha, rico do que foi teu pelo caminho,
e sem esperar que Ítaca te dê riquezas.
Ítaca deu-te essa viagem esplêndida.
Sem Ítaca, não terias partido.
Mas Ítaca não tem mais nada para dar-te.
Por pobre que a descubras, Ítaca não te traiu.
Sábio como és agora,
senhor de tanta experiência,
terás compreendido o sentido de Ítaca.

http://www.youtube.com/watch?v=P4ZwC-C7mhc

Ainda Tróia ardia, e nem Helena, presa, tinha chegado a Esparta, nem Ulisses tinha ouvido visto as Sereias no regresso a casa, já Eneias (10) - também Heleno - e um punhado de homens, cumprindo o mesmo destino, talvez por aqui tenham passado e derivando pelo mediterrâneo acabaram levados a Cartago, onde ele se ficou se enamorou por Dido (11), e acabaram por aportar as Triremes perto de Lacio, onde ele desceu aos Infernos ao encontro pai, que lhe ajudou a descobrir que, mesmo as viagens à deriva acabam por ter sentido e destino. O dele, conforme o oráculo, haveria de ser ter a cama de Lavínia (12) e de com ela gerar a raça fundadora de Roma.

http://www.users.globalnet.co.uk/~loxias/triremenames.htm

“(…)
Raça de duro tronco, mal nascem os filhos, mergulhamo-los
no rio, e endurecemo-los ao gelo cortante das águas;
os jovens passam a noite na caça, batendo as florestas;
os seus jogos, são domar cavalos, retesar o arco para lançar a seta. (…)” (13)

Também do frio Norte, barcos de quilhas e mastro alevantados, trouxeram homens de barbas e cabelos hirsutos, que aqui procuram a limpidez do Céu e a clareza do Sol a Sul, continuando as sagas de Odin e das mortíferas Valquírias, na procura do “Tosão de Ouro”(14), como Jasão protegido por Medeia.

http://www.youtube.com/watch?v=1aKAH_t0aXA

Todos esses barcos aqui chegaram, todos eles aqui amaram e fizeram filhos, não se perdendo nem sémen nem destino, criaram o génio Luso, que os haveria de honrar levando, em novos barcos, esse destino bem mais além. Por isso, deste cais de Lagos, se continua, desde há séculos, a mesma viagem:

LUSÍADAS

As armas e os barões assinalados
Que da ocidental praia lusitana
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Trapobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana
Entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram
E também as memórias gloriosas
Daqueles reis que foram dilatando
A Fé, o Império, as terras viciosas
De África e Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando:
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
Cessem do sábio grego e do troiano
As navegações grandes de fizeram;
Cale-se de Alexandre e de Trajano
A Fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre lusitano,
A quem Netuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo que a musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta. (…)”

http://www.youtube.com/watch?v=Wk-Z50LzZlg

Daqui partiu o Sangue e a palavra quente de Shengor,

LAGOS I (15)

«Un jour a Lagos ouverte sur la mer comme l’autre Lagos»
Senghor

Em Lagos
Virada para o mar como a outra Lagos
Muitas vezes penso em Leopoldo Sedar Senghor:
A precisa limpidez de Lagos onde a limpeza
É uma arte poética e uma forma de honestidade
Acorda em mim a nostalgia de um projecto
Racional limpo e poético

Os ditadores – é sabido – não olham para os mapas
Suas excursões desmesuradas fundam-se em confusões
O seu ditado vai deixando jovens corpos mortos pelos caminhos
Jovens corpos mortos ao longo das extensões

Na precisa claridade de Lagos é-me mais difícil
Aceitar o confuso o disforme a ocultação

Na nitidez de Lagos onde o visível
Tem o recorte simples e claro de um projecto
O meu amor da geometria e do concreto
Rejeita o balofo oco da degradação

Na luz de Lagos matinal e aberta
Na praça quadrada tão concisa e grega
Na brancura da cal tão veemente e directa
O meu país se invoca e se projecta”.

Daqui foi a geometria pura e branca de :

http://www.youtube.com/watch?v=QFTw0c9ew3k


"BRASILIA (16)

Desenhada por Lúcio Costa Niemeyer e Pitágoras
Lógica e lírica
Grega e brasileira
Ecumênica
Propondo aos homens de todas as raças
A essência universal das formas justas

Brasília despojada e lunar
como a alma de um poeta muito jovem
Nítida como Babilônia
Esguia como um fuste de palmeira
Sobre a lisa página do planalto
A arquitectura escreveu a sua própria paisagem

O Brasil emergiu do barroco e encontrou o seu número
No centro do reino de Ártemis
- Deusa da natureza inviolada -
No extremo da caminhada dos Candangos
No extremo da nostalgia dos Candangos
Atena ergueu sua cidade de cimento e vidro
Atena ergueu sua cidade ordenada e clara como um pensamento

E há nos arranha-céus uma finura delicada de coqueiro"

http://www.youtube.com/watch?v=PsJpeR2K-is

Neste texto, vivem-se milhares de anos da história comum da humanidade, e nela, tem Lagos a sua parte, como se a evolução do mundo fosse um poema único e uma mesma música contínua.

(1), (15) e (16) Sophia de Melo Breyner Andresen; (2) Gilgamesh, uma epopeia Suméria; (3) cidades Fenícias; (4) filho de Ulisses e de Penélope; (5) Helena de Tróia; (6) Esparta; (7) Menelau; (8) Afrodite voltou a unir Helena e Paris; (9) Constantin Cavafis, traduzido por Jorge de Sena; (10) Troiano que fundador de uma colónia Grega, cujas aventuras foram retratadas no poema épico de Virgílio, a Eneida; (12) filha de Latino, mãe dos filhos de Eneias e fundadores de Roma; (13) Eneida; (14) mito representativo das realizações impossíveis.

Jorge Ferreira 28/02/2010